Um Blog Católico para filhos de Nossa Senhora que não tem medo. Para aqueles que ainda restaram e que são heróis da Fé. Os que têm a coragem de acreditar quando muitos já perderam a Fé. Os que não temem dizer a verdade entre os mentirosos. Os que não vão na onda do mundo moderno e são como rochas inabaláveis em sua Fé. Os que não temem a morte e sabem que há valores pelos quais se deve viver ou morrer. Venham os que são Bravos e Destemidos, Intrépidos Defensores da Fé Católica.

“RESIDUUM REVERTETUR!” – “UM RESTO VOLTARÁ!”

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A morte de um ímpio


VOLTAIRE, UM DOS PENSADORES DA REVOLUÇÃO FRANCESA

A biografia desse homem, que se dedicou à impiedade os 84 anos de sua vida, é-nos relatada por um seu admirador e grande escritor, Jean Orieux (“Voltaire ou la Royauté de l’Esprit”, Flamm-marion, Paris, 1966, 827 paginas). Nesse livro se encontra os traços da vida de Voltaire.

Seu nome era François Marie Arouet, mas conhecido como VOLTAIRE (1694-1778), nasceu na burguesia e era filho de um notário e sua mãe era uma senhora digna. Porém, Voltaire, revoltado contra a sua própria condição - tinha despeito de não ser nobre - não achou nada melhor para alimentar sua revolta do que denegrir infamemente a sua própria mãe:

“Ele dá a entender muito claramente que sua mãe teria tido amantes e que ele seria filho de um deles.”

Apesar de ser “rico como um próspero banqueiro”, aos 56 anos, morando na Prússia, “ele se acumpliciou com um traficante berlinense, um judeu, Hirsch, para montar um negócio de especulação ilegal. Nada era mais suspeito que seu associado e sua associação”.

Voltaire era anti-religioso, mas por muitas vezes fez-se passar por religioso e fingia estar recolhido em oração. Depois comentou: “É um muito bom estratagema de guerra ir junto aos inimigos para abastecer-se de artilharia contra eles”.

Voltaire era adúltero e incestuoso. Viveu 17 anos com uma mulher casada - Mme. de Chatelet - e chegou a dividir seu leito com outro concubino que ela arranjara, além do próprio marido. Ocorreu de estarem os quatro no mesmo castelo! Juntou-se também incestuosamente à própria sobrinha, viúva, Mme. Denis.

Voltaire era dominado pela soberba e pelo orgulho. Ele próprio se elogiava. Ademais não admitia criticas a suas obras, e quando as recebia entrava “em crise de furor”.
Quando assistia as representações de suas peças “ele saltava por vezes na cena e corria entre os atores. Em sua poltrona, ele exclamava, gemia, chorava enquanto agitava o lenço, e até desmaiava caído sobre seu assento”.

Desprezava o povo simples, ao qual chamava “a canalha”, queria que se “proibisse o estudo para os trabalhadores”, e dizia que “o maior serviço que se possa prestar ao gênero humano consiste em separar o povo tolo das pessoas de bem, para sempre”.

A MORTE DE UM IMPIO:

O médico que o viu morrer, Tronchin, escreveu: “Eu queria que todos os que foram seduzidos por seus livros fossem testemunhas de sua morte. Não é possível manter-se ante tal espetáculo... Pouco tempo antes de morrer entrou em agitações horríveis, gritando com furor: ‘Eu estou abandonado por Deus e pelos homens’. Mordia os dedos, e levando as mãos a um vaso noturno, tomando o que ali havia, ele o bebeu”.
Mme. Villete, dona da casa em que morreu Voltaire, contará mais tarde ao Pe. Depery que descreverá a seguinte cena: Voltaire “via o diabo nas cercanias da cama e gritava como um condenado: ‘ele está lá, ele quer me pegar, eu vejo o inferno’”.
No dia 30 de maio de 1778, às 11 horas, Voltaire estava com os olhos fechados quando “repentinamente lançou um grito atroz, terrível, interminável” e morreu. Todos ficaram aterrorizados.

(Seleta de trechos, originalmente publicado na revista "Catolicismo" numero 466 de outubro de 1989.)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Os Ultramontanos e as Congregações Marianas


Na foto ao lado temos o grande Santo Inácio de Loyola, a quem Nossa Senhora apareceu e ditou o livro "Os Exercícios Espirituais". Santo Inácio foi o fundador da Companhia de Jesus: os jesuítas.

Para cada ordem religiosa Deus dá um dom especial. Não se pode negar que aos jesuítas foi dado uma grande inteligencia. As poesias escritas pelo Beato José de Anchieta, seu carinho apostolico com o Brasil é coisa para ser lembrada para todo o sempre.

Assim os jesuitas ensinavam nas escolas, nas universidades...
Para que a Revolução pudesse andar para frente, era preciso eliminar os jesuitas, e dar uma formação revolucionaria nas escolas. Assim foi o infeliz século posterior ao da Revolução Francesa.

A Revolução Francesa, não foi simplesmente uma revolução que queria derrubar a Monarquia, mas sim um movimento revolucionário que pretendia impor uma mudança de mentalidade com uma tremenda perseguição à Igreja Católica. Inúmeros são os fatos históricos narrando esses episódios tristes de perseguição aos Católicos; fatos esses que a própria Revolução procurou esconder nas escolas. No Blog “O Combate” (http://ograndecombate.blogspot.com/) pode se ler alguns desses episódios.

Depois da Revolução Francesa, como ficaram os católicos?

Relato aqui um pequeno trecho sobre “os católicos franceses do século XIX”, tendo a certeza de que levarei para todos que lerem esta postagem, uma admiração pelos ULTRAMONTANOS e pelos CONGREGADOS MARIANOS:

No primeiro capítulo de seu livro Des intérêts catholiques au dix-neuvième siècle, Montalembert, descrevendo a situação da Igreja em 1800, mostrava em toda parte ruínas e perseguições, e não vislumbrava nesse vasto naufrágio o menor sinal que justificasse a esperança de melhores dias para a Igreja de Nosso Senhor. Uma testemunha dessa época, Joseph de Maistre, respondia a uma carta do Marquês de *** com estas palavras: "O Sr. me pede para abrir o coração sobre uma das maiores questões que podem interessar hoje um homem sensato. Quer que eu exponha meu pensamento sobre o estado atual do Cristianismo na Europa. Poderia lhe responder em duas palavras: olhe e chore".

Realmente tudo parecia perdido. Depois de ter abatido um dos mais fortes e mais gloriosos tronos da Cristandade e aprisionado o Santo Padre, fonte e seiva da Civilização Católica, a Revolução, julgando ter realizado a primeira parte do seu programa, iniciava uma nova fase, na qual, sem os horrores dos tempos iniciais, espalhava suas idéias num mundo atemorizado, o qual buscava nessa pretensa conversão do monstro revolucionário o pretexto para não mais o combater. Por outro lado, as monarquias tradicionais, que deveriam liderar a reação, procuravam se amoldar aos novos princípios, numa ânsia insofrida de não perder seus tronos. Para agravar a calamidade, morto Pio VI em Valença, a Igreja entrava no novo século sem Pastor e com o Sacro Colégio disperso, impedido de voltar a Roma e enfrentando as maiores dificuldades para se reunir a fim de eleger o novo Pontífice.

Titubeantes e fracos no início da Revolução, sacrificando tudo quanto era humanamente possível para não enfrentá-la, os católicos, no entanto, haviam suportado o martírio com denodo quando a Revolução quis exigir mais do que eles poderiam conceder. Essa firmeza na defesa de seus princípios transformaria a fisionomia do século, que se iniciava com tão maus prognósticos. Um renascimento católico pujante seria o fruto dos sofrimentos e da bravura dos católicos da era da Revolução.

Assim ia-se no século XIX.
Esse reflorescimento católico foi universal, bastando lembrar os nomes de O Connell na Inglaterra, Balmes e Donoso Cortés na Espanha e Windhorst na Alemanha. Mas, como não poderia deixar de ser, foi a França o seu berço, e lá serão travadas, durante todo o curso de século XIX, as batalhas mais acesas entre a Igreja e a Revolução, batalhas essas seguidas com interesse por todo o mundo, e cujo resultado era ansiosamente esperado, pois indicaria o curso que seria seguido pela humanidade. Assim, estudando o movimento católico francês ter-se-á uma visão de conjunto do Catolicismo no século XIX.

Esse movimento teve por ponto de partida dois homens, dos quais um é justamente célebre e de renome universal, e o outro injustamente esquecido: Joseph de Maistre e o Pe. Bourdier Delpuits.

Justificando o velho ditado de que Deus escreve direito por linhas tortas, um dos grandes benefícios advindos indiretamente da Revolução, senão o maior, foi ter levado Joseph de Maistre a escrever os seus célebres livros. Senador da Savóia e vivendo num país organizado, sua existência transcorria serena quando arrebentou a Revolução. Obrigado a emigrar, o espetáculo de devastação que presenciou e sua larga visão do futuro levaram-no a tomar da pena para combatê-la, advertindo a humanidade dos perigos que correria se seguisse seus princípios e apontando o abismo em que fatalmente viria a cair com sua vitória. Daí os livros que o fizeram um clássico da literatura francesa, entre eles o célebre "Du Pape", que o transformou em líder das novas gerações católicas.

O livro "Du Pape", verdadeiro hino ao Papado, restabelece o seu verdadeiro lugar na História, os seus direitos e prerrogativas, e principalmente dá um impulso novo à doutrina da infalibilidade do soberano Pontífice, que o Concílio do Vaticano, em 1870, promulgaria dogma. Foi o livro que mais influiu nos católicos do século XIX. Daí por diante foram conhecidos por ultramontanos os que seguiam as suas idéias. Louis Veuillot, respondendo a "Le Siècle", que apontava o ultramontanismo como uma nova seita, podia dizer que católico e ultramontano eram palavras perfeitamente equivalentes, sendo uma sinônima da outra; pois, a não ser os galicanos, todos os católicos se declaravam ultramontanos.

O Pe. Bourdier Delpuits entrara muito jovem na Companhia de Jesus. Em 1762, quando esta fora expulsa da França, ainda não tinha ele pronunciado os últimos votos, o que lhe permitiu entrar no clero secular. Durante a Revolução, foi preso e exilado, mas voltou à França antes da queda de Robespierre, por julgar de seu dever exercer ali o sagrado ministério, apesar dos perigos que corriam os padres refratários. Preocupado com a situação dos jovens, e principalmente dos universitários, o Pe. Delpuits, aproveitando a liberdade que Napoleão concedera ao exercício do culto, fundou a 2 de fevereiro de 1801 a Congregação Mariana Santa Maria Auxilium Christianorum, conhecida na história da França simplesmente por "a congregação".

Foi essa Congregação Mariana que deu verdadeira formação religiosa à juventude que crescera sob a Revolução. Dela saíram os primeiros grandes nomes católicos neste século: o Duque Mathieu de Montmorency, o Cardeal Príncipe de Rohan e Félicité de Lamennais. Seus congregados eram incansáveis no serviço da Igreja. Quando Napoleão, depois de tentar subjugar a Igreja, entrou em luta aberta contra ela, foram os congregados que trouxeram a bula de excomunhão do imperador e a publicaram em Paris. No auge da luta, quando Napoleão prendeu o Papa e impediu a comunicação entre os cardeais, foram eles que, burlando a polícia mais bem organizada daquela época, serviram de mensageiros entre os membros do Sacro Colégio que estavam na França. A congregação foi a primeira a ser combatida pelos revolucionários, que no fim da restauração lhe moveram uma perseguição sistemática, até abatê-la, aproveitando-se da fraqueza de Carlos X. Mas, ao desaparecer, a semente já estava lançada: conversão numerosa se anunciava, e Lamennais já liderava um dos mais auspiciosos movimentos católicos que jamais apareceram na França.

Napoleão não se iludiu com a pseudo-derrota da Igreja no início do século, e tentou uma retirada dando-lhe aparente liberdade, mas tentando por todas as formas subordiná-la ao Estado. A Restauração mostrou-se incapaz de reconstruir a antiga monarquia francesa. Aproveitando-se de todas as instituições napoleônicas, tentou se amoldar às novas idéias e restaurar o absolutismo estatal em matéria religiosa. Toda a política eclesiástica de Luís XVIII e Carlos X visava ressuscitar o galicanismo. Se a França não se tornou um país galicano, isso se deve em grande parte a Félicité de Lamennais.

Lamennais aliava a uma inteligência genial um dom excepcional de proselitismo. Discípulo de Joseph de Maistre, reuniu em torno de si uma verdadeira plêiade de futuros grandes nomes do Catolicismo, formando-os e difundindo as idéias ultramontanas. Assim, vemos em La Chênaie, seu quartel general: D. Guéranger, o restaurador da liturgia romana; o Pe. Salinis, que seria cardeal e um dos primeiros jornalistas católicos; o Pe. Rohrbacher, o melhor historiador da Igreja no século XIX; o Pe. Gerbert, que Louis Veuillot considerava um dos mestres da literatura francesa; o Conde de Lacordaire, Montalembert e tantos outros, sem contar os trânsfugas como Lamartine e Victor Hugo.

Houve uma profunda perseguição nos meios estudantis, pois queriam formar alunos com uma mentalidade anti-católica, criando assim uma “nova geração” onde o catolicismo pudesse ser apagado da mente dos homens. E isso só seria possível se começasse o ensino da revolução nas escolas. Agora o perigo tornou-se demasiadamente perverso.

Não se tratava mais de conseguir licença para abrir escolas católicas, mas sim de combater o ensino universitário, mostrando quanto ele era contrário à doutrina católica.

Foi proibido ser professor e pertencer à congregação dos Jesuítas.

Desde a sua fundação os jesuítas foram combatidos pelos inimigos da Igreja, e as calúnias que contra eles se levantavam sempre encontravam eco em certos católicos de má vontade. A corrente de pensamentos liberais era no sentido de expulsar todos os jesuítas, e assim aconteceu. Os jesuítas foram brutalmente perseguidos e afastados das escolas proibindo que qualquer pessoa que tivesse alguma afinidade com os jesuítas fosse professor.

(Fonte: Ultramontanos séc XIX, Os Católicos Franceses do Século XIX - Parte 1 - Bertrand de Poulengi – publicado na Revista Catolicismo - Janeiro de 1951)